sexta-feira, 17 de junho de 2011

Atitude, preconceito e estereótipo - Regina Célia de Souza

Para compreender o que é o preconceito, convém entender primeiro o conceito de atitude baseado nos estudos da Psicologia Social.

ATITUDE é um sistema relativamente estável de organização de experiências e comportamentos relacionados com um objeto ou evento particular.

Para cada atitude há um conceito racional e cognitivo - crenças e idéias, valores afetivos associados de sentimentos e emoções que por sua vez levam a uma série de tendências comportamentais – predisposições.

Portanto, toda atitude é composta por três componentes: um cognitivo, um afetivo e um comportamental:

a cognição – o termo atitude é sempre empregado com referência à um objeto. Toma-se uma atitude em relação à que? Este objeto pode ser uma abstração, uma pessoa, um grupo ou uma instituição social.
o afeto – é um valor que pode gerar sentimentos positivos, que por sua vez gera uma atitude positiva; ou gerar sentimentos negativos que pode gerar atitudes negativas.
o comportamento –a predisposição : sentimentos negativos levam a aproximação e negativos ao esquivamento ou escape.
Desta forma, entende-se o PRECONCEITO como uma atitude negativa que um indivíduo está predisposto a sentir, pensar, e conduzir-se em relação a determinado grupo de uma forma negativa previsível.

CARACTERÍSTICAS DO PRECONCEITO:

É um fenômeno histórico e difuso;
A sua intensidade leva a uma justificativa e legitimização de seus atos;
Há grande sentimento de impotência ao se tentar mudar alguém com forte preconceito.
Vemos nos outros e raramente em nós mesmos.
EU SOU EXCÊNTRICO, VOCÊ É LOUCO!

Eu sou brilhante; você é tagarela; ele é bêbado.
Eu sou bonito; você tem boas feições; ela não tem boa aparência.
Eu sou exigente; você é nervoso; ele é uma velha.
Eu reconsiderei; você mudou de opinião; ele voltou atrás na palavra dada.
Eu tenho em volta de mim algo de sutil, misterioso, de fragrância do oriente; você exagerou no perfume e ele cheira mal. CAUSAS DO PRECONCEITO:

Assim como as atitudes em geral, o preconceito tem três componentes: crenças; sentimentos e tendências comportamentais. Crenças preconceituosas são sempre estereótipos negativos.

Segundo Allport(1954) o preconceito é o resultado das frustrações das pessoas, que em determinadas circunstâncias podem se transformar em raiva e hostilidade. As pessoas que se sentem exploradas e oprimidas freqüentemente não podem manifestar sua raiva contra um alvo identificável ou adequado; assim, deslocam sua hostilidade para aqueles que estão ainda mais “baixo”na escala social. O resultado é o preconceito e a discriminação.

Já, para Adorno(1950) a fonte do preconceito é uma personalidade autoritária ou intolerante. Pessoas autoritárias tendem a ser rigidamente convencionais. Partidárias do seguimento às normas e do respeito à tradição, elas são hostis com aqueles que desafiam as regras sociais. Respeitam a autoridade e submetem-se a ela, bem como se preocupam com o poder da resistência. Ao olhar para o mundo através de uma lente de categorias rígidas, elas não acreditam na natureza humana, temendo e rejeitando todos os grupos sociais aos quais não pertencem, assim, como suspeitam deles. O preconceito é uma manifestação de sua desconfiança e suspeita.

Há também fontes cognitivas de preconceito. Os seres humanos são “avarentos cognitivos” que tentam simplificar e organizar seu pensamento social o máximo possível. A simplificação exagerada leva a pensamentos equivocados, estereotipados, preconceito e discriminação.

Além disso, o preconceito e a discriminação podem ter suas origens nas tentativas que as pessoas fazem para se conformar(conformidade social). Se nos relacionamos com pessoas que expressam preconceitos, é mais provável que as aceitemos do eu resistamos a elas. As pressões para a conformidade social ajudam a explicar porque as crianças absorvem de maneira rápida os preconceitos e seus pais e colegas muito antes de formar suas próprias crenças e opiniões com base na experiência. A pressão dos colegas muitas vezes torna “legal” ou aceitável a expressão de determinadas visões tendenciosas – em vez de mostrar tolerância aos membros de outros grupos sociais.

REDUÇÃO DO PRECONCEITO:

A convivência, através de uma atitude comunitária é , talvez a forma mais adequada de se reduzir o preconceito.

COMO FUNCIONA O ESTEREÓTIPO:

É um conjunto de características presumidamente partilhadas por todos os membros de uma categoria social. É um esquema simplista mas mantido de maneira muito intensa e que não se baseia necessariamente em muita experiência direta. Pode envolver praticamente qualquer aspecto distintivo de uma pessoa – idade, raça, sexo, profissão, local de residência ou grupo ao qual é associada.

Quando nossa primeira impressão sobre uma pessoa é orientada por um estereótipo, tendemos a deduzir coisas sobre a pessoa de maneira seletiva ou imprecisa, perpetuando, assim, nosso estereótipo inicial.




REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

McDavid, John e Harari, Herbert. Psicologia e comportamento social. Ed. Interciência. RJ. 1974.
Morris, Charles G. e Maisto, Albert A. . Introdução à Psicologia. Ed. Pearson e Prentice Hall. SP. 2004.

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