Um caso absurdo de preconceito foi registrado no interior de São Paulo. Uma menina de 6 anos foi barrada na piscina de bolinhas de um shopping porque tem síndrome de Down. Chega a ser difícil de acreditar que no século 21 ainda há registro de casos como esse. A família foi à Justiça e conseguiu uma indenização. É apenas um pequeno remédio contra o preconceito, porque o melhor mesmo é oferecer oportunidades de inclusão e de convivência.
Em um parquinho dentro do shopping, Andressa só pôde ser criança uma vez. Quando acabou seu tempo na piscina de bolinhas, a mãe da menina, Nadir Aparecida da Silva, recebeu o aviso descabido. “A gerente do brinquedo falou que ela não poderia frequentar mais por ter síndrome de Down. Ela falou que tinha cliente que tinha preconceito”, contou.
A família entrou na Justiça, que condenou o shopping e a empresa responsável pelo brinquedo a pagar uma indenização de R$ 40 mil. Na sentença, o juiz afirma que “tal despreparo e tamanha incompetência das funcionárias caracterizam verdadeira aberração”.
O problema não é só o preconceito. Também é a falta de informação. Já se sabe – e não é de hoje – que a convivência com outras pessoas estimula quem tem síndrome de Down. Para as crianças, brincar, além de um direito sagrado, é ferramenta de desenvolvimento, assim como o estudo e o trabalho.
O técnico de qualidade Luís Gustavo Cruz Matsumoto está há 12 anos em uma rede de lanchonetes. “O trabalho também me ajuda como responsabilidade e desenvolvimento”, diz Luís Gustavo, que já foi promovido uma vez e vai ser de novo. “Ele começou como atendente, passou para técnico de qualidade de serviço e a gente está fazendo um trabalho com ele para instrutor”, conta a gerente de operações da loja, Jaqueline Martins de Souza.
Já na primeira filial em que Luís Gustavo trabalhou, a mãe dele, Francisca Matsumoto, percebeu que a empresa não estava fazendo nenhum favor. “Em certa ocasião, eu agradeci o dono da empresa. Aí ele disse que eu não tinha de agradecer. Ele merecia o salário, talvez até mais que alguns funcionários que seriam ditos comuns”, lembra Francisca Matsumoto.
Como é que a personagem Clara, da novela “Páginas da vida”, não seria feliz se a atriz Joana Mocarzel tem um sorriso lindo? Hoje ela tem 11 anos. Fez a novela e continua estudando teatro. Sonha com um papel perfeito para ela. “Uma princesa”, diz.
“A Clara era uma personagem feliz, era uma coisa que nós colocamos como uma condição”, diz a mãe de Joana Mocarzel, Letícia Santos. “Síndrome de Down, para mim, é uma característica dela como um olho castanho ou cabelo”, conta o pai de Joana, Evaldo Mocarzel.
O desafio é que não só os pais entendam assim. “A gênese do preconceito é a ignorância. Nós temos, de fato, um preconceito e não entendemos que as diferenças não são limitações. A gente deveria aprender um pouco com essas diferenças e não simplesmente cercear”, afirma o diretor-presidente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) em São Paulo, Cássio Clemente.
Em nota, o shopping afirmou que não houve atitude discriminatória por parte dos seus funcionários e que a piscina de bolinhas pertence a outra empresa, que aluga o espaço e mantém outros funcionários. Ninguém dessa empresa foi encontrado para falar sobre o assunto. O shopping vai recorrer da sentença.
Fonte G1
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